Em Estrela e o Sensitivo , Gastão Wagner constrói uma narrativa rara, vibrante e cheia de camadas, unindo memória, paixão, política e imaginação em uma estrutura polifônica que desafia a lógica tradicional do romance. Joaquim Stein, jornalista em formação nos anos 1970, é também um sensitivo: alguém capaz de perceber o mundo com uma intensidade quase sobrenatural, misturando o rigor da observação jornalística à delicadeza do afeto, da dúvida e do desejo.
Ao seu redor se movem vozes que formam um mosaico de épocas e subjetividades - Estrela, Ícaro, Benjamim, Don Mário, Cidinha - cada uma oferecendo um ângulo particular dessa história de amadurecimento, amor e sobrevivência em meio à ditadura, ao racismo cotidiano, às rupturas familiares e às descobertas do próprio corpo e da própria vocação.
Com humor, lirismo e uma inteligência narrativa que oscila entre a crônica, a confissão e o realismo fantástico, o livro reinventa a ideia de memória como coleta: fragmentos de vidas que se iluminam mutuamente, compondo o percurso de um homem que tenta conciliar sensibilidade e coragem para seguir adiante. Um romance sobre como nos tornamos quem somos - e sobre as vozes, nem sempre previstas, que nos guiam nesse processo.