Quando o autor, António Cirurgião, estava a fazer os últimos exames de doutoramento na Universidade de Wisconsin, na primavera de 1969, numa entrevista dada a uma estação de rádio de Madison sobre a situação política portuguesa, declarou que o regime autoritário de Salazar e Marcello Caetano só poderia ser derrubado pelos militares. E, na realidade, foi assim que aconteceu, cinco anos mais tarde, no dia 25 de Abril de 1974.
Animal político, este português da diáspora, sempre com a velha Pátria na mente e no coração, de tal maneira se empenhou na luta pelo triunfo dessa revolução, chamada dos Cravos, que não descansou enquanto não viu instaurado um regime verdadeiramente democrático em Portugal. O que quer dizer que, durante os longos tempos de confrontos e de polémicas, de golpes e contragolpes, entre os que pugnavam por um regime marxista, totalitário, e os que pugnavam por um regime democrático, pluralista, o autor deste modesto e honesto livrinho de Memórias Políticas, aliado a generais e a outras altas patentes das Forças Armadas Portuguesas, a ex-ministros, a ex-embaixadores, a professores, a membros do clero e a simples carolas e portugueses de gema, não se poupou a esforços e a sacrifícios para ver o seu belo sonho realizado.