O Banco Mundial no Brasil (1990-2020) analisa a atuação do mais antigo e importante banco multilateral de desenvolvimento em um dos seus principais Estados clientes. Ancorado na História e em diálogo com a Economia, a Sociologia e as Relações Internacionais, este livro investiga como o Banco Mundial atuou como agente de desenvolvimento durante 30 anos no país, precisamente no período em que a instituição liderou - ao lado do FMI - a neoliberalização do capitalismo global.
Ao longo de quase oito décadas de funcionamento, o Banco Mundial ampliou e diversificou bastante as suas áreas de atuação, que passaram a abranger, além dos setores tradicionais de infraestrutura, transporte e energia, também política econômica, educação, saúde, habitação, meio ambiente, desenvolvimento rural e urbano, administração pública, governança e leis, construção e reconstrução de Estados nacionais.
A obra explica o que é, o que faz e como atua essa instituição, mostrando como o Banco Mundial desempenhou (no período de 1990 a 2020) os papéis de emprestador de recursos, conselheiro e assessor técnico de governos, agente da sociedade civil e produtor de pesquisas econômicas sobre desenvolvimento, atuando de forma cada vez mais abrangente, politizada e intrusiva.
No Brasil, a instituição atua de maneira contínua e discreta, em grande quantidade de áreas da vida político-administrativa, econômica e social do país. O livro evidencia como o Banco Mundial se posicionou como guardião da austeridade fiscal e indutor de reformas neoliberais que reconfiguraram o Estado brasileiro em diversos setores, sempre a partir de relações com agentes políticos e econômicos, nichos burocráticos, elites intelectuais e organizações da sociedade civil. A atuação da instituição no Brasil não se limitou à União, envolvendo também estados e municípios. A obra mostra quais foram os governantes e partidos políticos que, uma vez no poder, mais contrataram empréstimos do Banco Mundial nos três níveis da federação. Dependendo da situação econômica do país, bem como da coalizão política no governo, as relações com o Banco tenderam a ser mais programáticas ou mais pragmáticas, mas sempre envolveram escolhas por parte dos agentes nacionais.