Num discurso recente, de 4.11.2023, no âmbito do Festival Literário Palestino, em Nova Iorque, a autora recorda a sequência dos acontecimentos trágicos que fizeram despertar a consciência do mundo, após o ataque brutal do Hamas, e da resposta desmesurada do Estado de Israel, cujas represálias militares, bombardeamento e destruição indiscriminada espalham o terror e a morte pela população civil da Faixa de Gaza.
Ao considerar a sua condição enquanto, jurista e mãe, há muito empenhada, na sua investigação, contra o rol de inverdades e de injustiças praticadas com violência, desde 1948, por Israel, recoloca as questões e as respostas consabidas, mas agora sublinhando-as perante a tragédia, a dor, o luto e a catástrofe da situação existente. As interrogações, tal como as respostas, estruturam-se na leitura que faz da «invasão colonial sionista» que tudo tem feito para destituir o enraízamento e a existência de todo um povo, há milénios, legítimo habitante do territorio.
Para além da destruição, e perante o programa mediático, político e racista, que constitui a manifesta incompreensão dos Estados Unidos, Noura Erakat destaca a resistência e a irredutível expressão cultural dos palestinos, mas também o horizonte de esperança que distingue e justifica o combate pela liberdade. Neste contexto, o apelo ao cessar-fogo é a prerrogativa imediata.
O direito à liberdade e ao território, a exigência de regresso à terra natal, são os demais requisitos desse combate que o povo palestino continua a enfrentar contra a ocupação colonial etno-racial isralense. Esta é uma luta pela humanidade e tem como declaração de princípio: «continuaremos até que haja uma Palestina livre».